quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Noite de quero-quero



Caminhando na praia, no mundo da lua, fui surpreendida por sons distintos e diferentes do dia-dia. Chutando a água... ,lembrei de algo, entre outras lembranças do passado, dos tempos idos em que ouvi de um professor a seguinte expressão: “Dormi como um quero-quero.” E ponto, ficou por isso.Sem entender , imaginei que havia dormido muito, assim como as outras aves, se recolhendo cedo e acordando de madrugada, muito felizes cantarolando. Passou o tempo e, em uma noite “mal dormida”, em altas horas, ouvi uma ave cantando. Passaram-se várias noites, longas madrugadas e o som estridente desse pássaro, muitas vezes acalentando minha insônia. Era um quero-quero inquieto fazendo alarde. Foi aí que eu pude entender o que meu professor dissera naquela época.
Essa ave é popularmente chamada de quero-quero, abibe-do-sul, teu-téu, terém-terém, tero comum, espanta boiada e sentinela dos pampas.
Esta ave é típica da América do Sul, habitando campinas úmidas, pastagens, grandes gramados, espraiados dos rios, lagoas e praias. Dizem que avistando a ave no céu ou ouvindo o canto ao longe é como receber boas-vindas por estar no Rio Grande do Sul. Em 1980, no Rio Grande do Sul, foi instituía uma Lei tornando esse pássaro AVE-Símbolo do Rio Grande do Sul.

O macho e a fêmea são semelhantes, de coloração cinza claro. Tem um topete preto na cabeça. Algumas penas pretas no peito e na cauda. A parte ventral é branca e as asas tem penas esverdeadas. O bico, os olhos e as pernas são avermelhados e tem um par de esporões ósseos nas asas para ataque contra os intrusos.
Alimenta-se de larvas de insetos, invertebrados aquáticos, peixes pequenos encontrados na lama quando esgravata e pequenos moluscos da terra .
Os ovos, com formato de pera, são de coloração pardo-amarelados com rajadas verde e preto. Colocados na primavera em ninho feito no solo. Os pais vigiam o ninho aproximadamente 27 dias até eclodirem os ovos. Se observam a presença de outros animas eles fingem estarem feridos ou espantam os predadores afastando-os do ninho. Atacam até o homem. Por outro lado o alarde que fazem previnem outros animais do perigo.


Rui Barbosa, em 1914,colocou em um discurso. Evocou a figura imperatória do quero-quero, o chantecler dos potreiros. Este pássaro curioso, a que a natureza concedeu o penacho da garça real, o vôo do corvo e a laringe do gato, tem o dom de encher os descampados e sangas das macegas e canhadas com o grito estrídulo, e profundo.
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Gosto muito dessa valsa campeira, de letra e música de L.C.Barbosa Lessa.
Quero-QUERO

Quero-quero! Quero-quero!
Quero-quero gritou lá em cima,
Quero-quero quando grita
É porque alguém se aproxima.

Quer-quero no meio da noite
Gritou porque viu alguém se aproximar.
Eu, também, na noite da vida,
Enxerguei essa luz que vem de teu olhar.
Mas agora, gauchinha,
Eu grito com todo fervor:
Quero-quero! Quero-quero!
Quero-quero o teu amor!
Dizem que a Sagrada família, ao passar pelo deserto, procurando refúgio longe de Herodes, pedia aos animais que se calassem para que pudessem passar sem ser vista. Mas o teimoso quero-quero não obedeceu. Para castigo de ser tão inconveniente, o quero-quero por castigo acabou cantando dia e noite daquela maneira para sempre.
Classificação científica

Reino:
Animalia

Filo:
Chordata

Classe:
Aves

Ordem:
Charadriiformes

Família:
Charadriidae

Género:
Vanellus

Espécie:
V. chilensis

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