sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

A Fiteira que ofuscava os olhos







               
Amanhecia e anoitecia, subia e descia, ia e vinha e eu sempre permanecia com o mesmo pensamento. A idéia passava o dia na cabeça, parecendo uma sombra...um fantasma, martelando com uma insistência perturbadora a fim de encontrar uma resposta sem o mínimo de esforço,desde o amanhecer até o anoitecer. Pois é, assim ocorreu desde que eu vi uma planta e fiquei intrigada e encantada com os frutinhos de um tom vermelho radiante e brilhante que ofuscava os olhos mais parecendo bolinhas de  porcelana do que  massa orgânica. Sem nenhum retorno, comecei a indagar um e outro e nada de saber o nome da boniteza (palavra que incorporei ao meu dicionário informal, citada por uma zeladora de um prédio quando se referia a beleza de uma pessoa – dizia que a boniteza valia menos do que a sabedoria ). Passaram-se uns quatro dias e não me contive, sai com uma folha pelas ruas e moradias até que uma jovem senhora, cultivadora de folhagens, com muita gentileza se expressou: é uma fiteira! Que esplendor!   Tens uma muda? E o assunto foi tomando forma. Ótimo, descobri o tão procurado nome. Não deixando por menos resolvi fazer uma busca no Google. Mas como sempre tem a hora da bobeira, coloquei somente fiteira. Que “rolo”! o que mais aparecia era:mulher teatral na maneira de falar ou gesticular: mulher que gosta de exageros; procura criar uma outra personalidade da pobreza da sua; mulher que faz fitas; vendedora de fita; mulher fingida; galanteadora; namoradeira...vitrine de loja. E ai foi rodando o tempo quando percebi que seria melhor procurar por figuras. Viva! mil vezes ...agora sim tudo esclarecido, deixo aqui para  curiosos ou para quem gosta de plantas assim como eu ou um pouco mais ...ou menos.
A fiteira é também conhecida como coqueiro-de-vênus, cordiline, dracena, boa sorte planta, palmeira lily, dracena vermelha, lírio palma Sua origem é da Ásia, Polinésia, Oceania, Malásia e Índia. As flores são pequenas perfumadas e numerosas de cor brancas, rosa  e perfumadas. As folhas são lanceonadas  e de coloração verde , vinho, vermelha,roxa,rosa, marrom variando com creme a amarelo em uma combinação de cores. Os caules são delgados eretos e rodeados de cicatrizes foliares e de cor marrom claro. Os frutos são pequeninos  arredondados, brilhantes e vermelhos. É usada pelos sacerdotes Kahuna e chefes Ali’i , no Havai,em rituais. Também usadas para traçar fronteiras, para descer colinas, amarrando várias folhas, em uso medicinal como anti séptico e diurético. Dos rizomas pode ser feito licor( okolehao)  cozendo e embebido em água  ou destilada como aguardente . Podem ser cultivadas isoladas em vasos e formando maciços, conjuntos e bordaduras no jardim, principalmente junto a muros. As folhas, no Havai  podem ser aproveitadas para embalagem de alimentos, revestimento de mês,capa de chuva, roupas, saias de hula, sandálias tolera muito bem o frio e multiplica-se por estacas e mais raramente por sementes.
Classificação científica
Reino........Planae
Divisão......Magnoliophyta
Classe.......Liliopsida
Ordem.......Asparagales
Família      Asparagaceae
Gênero......Cordyline
Espécie      C. fruticose Cordyline
Fruticosa
(L) A
ChevSinônimos:
Espargos
terminalis L.
Convallaria fruticosa L.
Cordyline terminalis  Kunth
Dracaena terminalis Lan
FONTES;




quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

A tão Procurada Palmeira Inajá







Minha amiga e eu queríamos conhecer Bonito (Mato Grasso do Sul), mas sempre só queríamos, até que em um airoso dia, jogando conversa fora, falando sobre tudo , todos e mais um pouco, saiu novamente a brilhante idealização: e nossa viagem que havíamos falado há tanto tempo, vamos ou não vamos ... a conversa foi rolando, criando corpo, e após incorporar inúmeras vantagens, a idéia foi se consolidando até tomarmos a decisão de ir.Isso já fazem uns treze anos. Em Bonito, na fazenda Matão, morava, na época, uma sobrinha minha muito querida. Unindo o útil ao agradável, falei para ela que iríamos para aqueles lados e então pedi que reservasse para nós uma pousada. Íamos ficar uns dias na cidade para conhecer as maravilhas naturais e após faríamos uma visita para ela que distava quase duzentos km do centro. Ficou radiante de felicidade, pois muitas vezes havia feito o convite e eu, a promessa de ir. Após tudo preparado, partimos.  Nunca esquecerei nossas aventuras. Horas e horas dentro de um ônibus com poucas paradas e muito sono até chegar ao destino. Após um relaxante banho e um ótimo café, partimos para os passeios. Compramos um pacote que incluía vários passeios, entre ele: A Gruta do lago azul, flutuação no rio Sucuri,  balneário Municipal e outros. Em cada cantinho fazíamos uma pausa, encantadas, observando  a diversidade da flora e fauna e sua beleza natural. Água cristalina e clara onde podíamos ver claramente os peixes em belos movimentos e outros animais aquáticos. Uma surpresa a cada dia. Em um desses locais havia muitas palmeiras, várias delas eu nunca tinha visto. Atraída pela beleza, curiosa e observadora, fui entrando no verde natural, quase virgem, sem caminhos, embrenhando-me palmeiral adentro. Olhando um pouco para cima...um pouco para o solo. Havia muitos frutos caídos brotando mesmo fora do solo. Um deles veio na mala dando um louco passeio. Coitado! Se tivesse o poder de pensar, nem imaginava onde ia parar. Ao chegar, com muitas novidades para contar...após  ser tudo organizado, plantei o fruto da palmeira já com um broto de uns vinte centímetros. Ele cresceu, se desenvolveu e surgiram as primeiras flores e frutos na base do caule.Na base!? Somente eu estava vendo isso. Palerma por não observar o suficiente, ia  incansável,  procurando o nome da planta em que os cachos surgiam na base. Após, quase exausta de tanto procurar e já quase esquecida da planta, encontrei. Estava procurando por outras plantas quando, dou de cara com a palmeira. É claro, nunca iria encontrar com o modo que estava pesquisando, pois os cachos são intrafoliares.
A Inajá é uma palmeira nativa do Brasil. Esse nome vem do Tupi. Segundo o folclore  Inaja ( naja) era uma índia brasileira cheia de graça e beleza. A Inajá pode ser encontrada no norte da América do Sul, na Colômbia, onde é conhecida como guichire, na Venezuela , de cucurito, anajá e cusu, na Bolívia de huacava , no Equador de inayia ,na Guiana Francesa e Suriname de maripa, no Peru  de inayng, na  Guiana, kokerit-palm e nos  Ameríndios de aritá. De nome científico Maximiliana maripa. Sinonímias:  Attalea venatorum, Cocos venatorum, Maximiliana regia,  Maximiliana stenocarpa,  Maximiliana venatorum e Palma marica.
Pode crescer  até 20m de altura e ter um diâmetro de 100cm. A inflorescência é intrafoliar. Os frutos  que dão em cachos,são ovóides ou oblongos. Quando o fruto está  maduro é pastoso , oleoso e  amarelo  e de sabor adocicado.A planta produz 5 a 6 cachos por ano, com 800 a 1.000 frutos por cacho. Os frutos podem ter até 4 sementes e podem ter total  aproveitamento na produção de biodiesel ( energia renovável). O óleo tem menor acidez do que o dendê e tem ácidos graxos essenciais e um grande valor comercial. Do fruto pode ser feito bebidas, como o vinho, podem ser usados em cosméticos,  alimentos(as amêndoas podem ser consumidas in natura o fruto pode ser cozido e o sabor é adocicado. É calórico, possui  fósforo, magnésio, proteína, ácidos graxos. A planta tem várias utilidades.É usada como ornamental. Do conjunto de folhas imaturas pode ser retirado palmito comestível. As folhas novas são usadas em coberturas de casas e confecção de abanos, cestas e chapéus. As espatas da inflorescência são utilizadas como fruteiras e servem também como arranjos e porta ração ou água para animais domésticos. Tem potencial na confecção de bijuterias. Os principais dispersores das sementes são as antas, araras, cutias, jabutis, macacos, pacas, tucanos e porco-do-mato.
CLACIFICAÇÃO:
Reino:           Plantae
Divisão:        Magnoliophyta
Classe:          Liliopcida
Ordem:        Arecales
Família:        Arecaceae
Gênero:       Attalea
Subfamília:  Arecoideae
Espécie:       A. maripa
FONTES:


sábado, 14 de fevereiro de 2015

O aguapé em outro céu. Maria Tereza Bedin Maneck





Já perceberam que os encontros, reuniões ou festas familiares, parecem estar aos poucos saindo do desgaste e voltando aflorar aos poucos. Tive a oportunidade de ir, e em vários desses encontros estive presente por convites. Mas como ninguém se encontra sozinho...é necessário marcar a visita...a reunião ou o encontro. E assim aconteceu com meu marido no ano passado. Ele sempre falava em se encontrar com os parentes...só falava. Um dia, em uma dessas conversas das redes sociais, ele encontrou um primo e logo foram falando, relembrando os tempos de criança, as aventuras, as artes...os familiares. Desse bate-papo, surgiu a idéia de então fazer um encontro da família. O encontro da família Malfatti. E não demorou, tocaram para frente e o encontro aconteceu em Dois Lajeados, Serra Gaúcha Acredito tenha sido o encontro de família mais divertido do mundo. Uma festa italiana! Muita comida, muita risada...gargalhadas, gestos, afetos carinhosos assim como... tu ta gordo! Corado... Bonito. Há, e os contos...cada um tinha um conto que fazia questão de contar. Sem falar da gaita, dos cantos e dos pares dançando. Após muito vinho e já estonteados...cansados, resolveram fazer um passeio para ver as casas onde moravam. É claro, fui junto. Admirando tudo...casas de pedras, capitéis, caminhos antigos...abandonados. Quando, de repente, um enorme açude que eles chamavam de paluda (em italiano açude é paluda). Essa paluda, semelhante a um céu,se encontrava transbordando de patinhos. Não, não é o que estão pensando...não eram aves. Eram aguapés. Que deslumbrante! Tanto que eu queria uma daquelas plantas no meu jardim. Agora pareciam despencaram do céu aos meus pés. Muito certo, enquanto a turma estava entretida, achei um jeito de arrastar para fora da água uma maçaroca deles. Até agora não esqueço, pareciam suspensos, flutuando, bailando ao toque do vento livremente. Alguns enroscados em paus, pedras e outros obstáculos. Outros até pareciam estar preso ao solo, no fundo do açude, Um rendado natural construído ponto a ponto. Um arranjo enfeitando a solidão. Suplicando para não deixar morrer o passado. Hoje, aqui no novo ninho o patinho floriu. Um novo céu bordado. Que espanto! Que encanto!
 O vegetal aquático chamado de  aguapé (do tupi  awa’pé ) é também conhecido como orelha–de-veado, pavoá, rainha-do-lago, uape, uapê, patinho, baronesa, orelha-de-jegue, miriru, camalote, dama do lago, aguapé-de-flor-roxa, murumuru, murerê,mururé( do tupi muru’ré)  mureru,mururé-de-canudo, orquídea-d’água, gigoga,  pareci e  pavoã . Em Portugal e Angola é conhecido como jacinto-de-água  por ser muito parecida com a flor  do vegetal  terrestre, o jacinto.
Esta planta possui raízes longas que podem chegar até um metro, rizomas, estolões, pecíolos( cheios de cavidades de ar ) folhas e inflorescências.As flores tem pétalas lilases( azuis/violetas) com margem lisa e uma mancha amarela na pétala superior. A parte do vegetal que fica fora da água pode ir de centímetros até um metro aproximadamente. Tem muita água - 95%. A reprodução ocorre por sementes e brotações. Vivem em rios lentos, lagos e lagoas de água doce. É um filtro natural que tem a capacidade de incorporar, em seus tecidos, grande quantidade de nutrientes. Suas raízes longas, com muitas bactérias e fungos, atuam sobre as moléculas tóxicas, quebrando sua estrutura e permitindo que a planta assimile estes componentes tóxicos. Assim são utilizados na despoluição de lagos e outras águas paradas poluídas. Servem de habitat para a fauna, desde microorganismos até aves. É usada como alimentação de animais, na Índia, produzem gás metano para alimentar os geradores de energia elétrica, construção de armadilhas de peixes, adubos, tijolos do tipo adobe, produção de papel, nas ornamentações, confecção de esteiras, cordas, cadeiras, cortinas, cestas, bolsas. Os índios Guató usavam essa planta no Pantanal par fazer esteiras para dormir, atualmente eles fazem artesanatos com o pecíolo da flor. Tem propriedades medicinais se forem cultivadas para esse fim. Indicados para febre, hepatite, excitação nervosa, furúnculos, abscessos e rins. Usados em decocção ou maceração das folhas para hepatite. A mucilagem se aplica sobre furúnculos e abscessos. A  infusão das flores é utilizada como febrífuga e diurética.
Classificação científico.
Reino:   Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe:  Liliopsida
Ordem: Commelinales
Família: Pontederiaceae
Gênero: Eichhornia
Espécie: Eichhornia crassipes
Sendo Eichhornia uma homenagem ao ministro prussiano Eichhorn – crassipes, do latim, pé gordo, relativo ao pecíolo inflado
FONES: